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O Gaúcho
O Gaúcho

   

CTG CULTURA NATIVA  

UBERABA - ESTADO DE MINAS GERAIS

 

Conheça um pouco sobre o Gaúcho:    

 

O GAÚCHO   


  O termo originou-se na língua indígena da descrição de pessoas de hábitos nômades, ciganos, moradores em barracas ou tendas, brancos pobres, de miscigenação moura, vinda da Espanha - fugidos que viraram índios ou índios aculturados pelas missões que não possuíam terras e vendiam sua força de trabalho a criadores de gado nas regiões de ocorrência de campos naturais do vale do Rio da Prata, entre os quais o pampa, planície do vale do Rio da Prata e com pequena ocorrência no oeste do estado do Rio Grande do Sul, limitada, a oeste, pela cordilheira dos Andes. O gentílico "gaúcho" foi aplicado aos habitantes da Província do Rio Grande do Sul na época do Império Brasileiro por motivos políticos, para identificá-los como beligerantes até o final da Guerra Farroupilha, sendo adotado posteriormente pelos próprios habitantes por ocasião da pacificação de Caxias, quando incorporou muitos soldados gaúchos ao Exército ao final do Confronto, sendo Osório um gaúcho que participou da Guerra do Paraguai e é patrono da arma de Cavalaria do Exército Brasileiro, quando valores culturais tomaram outro significado patriótico, os cavaleiros mouros se notabilizaram na Guerra ou Confronto com o Paraguai. Também importante para adoção dessa imagem mítica para representação do Estado do Rio Grande do Sul é a influência do nativismo argentino, que no final do século XIX expressa a construção de um mito fundador da cultura da região. Na Argentina, o poema épico Martín Fierro, de José Hernández, exemplifica a utilização do elemento gaúcho como o símbolo da tradição nacional da Argentina, em contradição com a opressão simbolizada pela europeização. Martín Fierro, o herói do poema, é um "gaúcho" recrutado a força pelo exército argentino, abandona seu posto e se torna um fugitivo caçado. Esta imagem idealizada do gaúcho livre e altivo é freqüentemente contrastada com aquela dos trabalhadores mestiços das outras regiões do Brasil. Os gaúchos apreciam mostrar-se como grandes cavaleiros e o cavalo do gaúcho, especialmente o cavalo crioulo, "era tudo o que ele possuía neste mundo". Durante as guerras do século XIX, que ocorreram na região, atualmente conhecida como Cone Sul, as cavalarias de todos os países eram compostas quase que inteiramente por gaúchos.    Fonte: Wikipédia

 

 

 

O GAÚCHO E SUA ORIGEM – (Evaldo Muñoz Braz). 

                  

Por volta de 1580, os cavalos abandonados na região do Prata em 1536 tinham se multiplicado aos milhares. Por volta de 1600 não podem ser mais contados  em suas gigantescas manadas. Os Pampas do Rio Grande, Uruguai e Argentina estavam povoados de cavalos chimarrões (cimarrones/selvagens) e o povo que vivia nessa região unida pela semelhança   ambiental se tornaria um povo cavaleiro.   A posterior introdução do gado, que por sua vez torna-se também abundante e chimarrão e também formando rebanhos que chegaram a atingir (somando Rio Grande, Uruguai e Argentina) 40.000.000 de cabeças, sedimenta esta cultura. Agora haverá gado solto e sem dono em abundância para ser caçado   com o laço por aqueles que não querem outra vida com  liberdade tão incomparável. O gado chimarrão é à base da alimentação e origem de produtos que serão comercializados e/ou contrabandeados (na época uma rebeldia contra os pesados impostos).
 Mas na origem da formação do gaúcho deve ser lembrado, os índios  pampeanos (nossos charruas e minuanos) que logo se adaptaram magnificamente ao cavalo (por volta de 1607). A miscigenação do europeu com o índio, fundindo a cultura ibérica com a americana.  A escolha do abandono da civilização pelos mozos perdidos (homens que optaram pela vida no pampa sem fim) sendo o primeiro registro em 1617, já com chiripá, poncho e bota de garrão de potro (tendo esta indumentária uma evolução gradual e natural  até por volta de 1865 (com a substituição do chiripá pela  bombacha), tendo se estabilizado relativamente até agora.
 Índios, mozos perdidos, vagabundos  do campo (1642), changadores (1700) e gaudérios são seus antecessores e de origem e comportamento bem semelhantes. Em que momento começa  a existência  gaúcho?  É impossível passar a faca sobre este  variado mosaico e separar as partes que  em muitos momentos se sobrepõe.
   A palavra “gaúcho”, entretanto só aparece em crônicas de viajantes   na América do Sul  por volta de  1770 ou um pouco antes. Demonstra uma nova adaptação, ou melhor, culminação dos tipos anteriores.   Normalmente quando um padrão está determinado é porque sua existência é bem anterior. O gaúcho aparece simultaneamente (isto é importante frisar) no Rio Grande do Sul, Uruguai e Argentina.   O viajante francês Dreys (em observações entre 1817 e1825 aqui no Rio Grande) assegura: “Todos os exercícios de manejo e picaria dos mestres de equitação da Europa são familiares ao gaúcho, e alguns dos exercícios mais difíceis são mesmo entre eles divertimentos de crianças.”   Os hábitos dos antigos gaúchos sejam alimentares, roupagem, aperos e arreios dos cavalos, forma de doma dos cavalos, forma de laçar ou bolear, maneira figurada de falar, palavras utilizadas e música, etc. passam a ser assimilados pelas novas ondas de colonização que sofreu o continente de São Pedro do Rio Grande do Sul com os açorianos em 1752. A cultura de fora se rende a cultura local e adapta-se, transforma-se ou desaparece.
 Neste período, muitos gaúchos são Vaqueanos (que conhecem a região como um mapa impresso em sua cabeça nos seus mais mínimos detalhes) e guiam viajantes e exércitos pelo pampa. Outros tocam  infindáveis tropas de gado por léguas sem fim, outros carreteiros transportam produtos cortando a região de todas as maneiras. Os antigos e primeiros gaúchos nômades (antes injustamente chamados de ladrões  no período do gado chimarrão, dizemos injustamente  pois se concordarmos com o epíteto, estaremos assumindo o lado do mais forte, pois na realidade havia um enfrentamento de forças pela posse de um produto sem dono: o gado) agora trabalham em fazendas sazonalmente (são talhados para este trabalho pois são exímios laçadores, boleadores, carneadores e artesões de produtos de couro necessários a montaria, são pouco exigentes e parecem se divertir no trabalho mais duro)  e influenciam de forma espantosa os filhos dos colonos na campanha ou povoados por que passam.
  Os gaúchos influenciam o comportamento de toda região. Sessenta anos após a chegada dos açorianos, Saint-Hilaire anota em seu diário que seus descendentes não querem outro modo de vida para, as vezes, contrariedade  dos pais. Todos querem ser como os gaúchos. Notam-se traços deste fato mesmo na rígida colônia alemã já em 1858, anotado por Avé-Lallemant (para Avé-Lallemant, esses alemães demonstram nos campo, traços de gaucharia, que se destaca no manejo do laço, condução da tropa e pelo modo de montar e destaca alemães aparecerem montados a cavalo, com elegantes ponchos listrados).   Quando o inglês Luccock esteve no Rio grande em 1808 (quase 200 anos atrás!), a região está no interior completamente acriollada (ou agauchada). Todos andam a cavalo na região, sejam índios, soldados, escravos, peões, estancieiros, comerciantes, viajantes ou crianças. Logo será unicamente povo:  o gaúcho.   Um documento impressionante é o escrito pelo  belga  A . Baguet em 1845 em Viagem ao Rio Grande do Sul. Fala de crianças com poucos anos cavalgando sem sela a toda velocidade, na forma como montam colocando os pés descalços no joelho do cavalo; a provação dos ventos da pradaria; a lealdade nas guerras; o costume da hospitalidade mesmo entre os mais pobres; a confiança  humana nos vaqueanos; os costumes principais como o do mate (e suas propriedades) e churrasco os quais descreve em detalhes; a exibição dos arreios com prata mesmo dos vaqueanos mais simples (como o seu próprio guia); o impacto da imagem do pampa; a habilidade do gaúcho nas boleadeiras e principalmente  no cavalo.   Menciona à exaustão com preciosas descrições a habilidade do gaúcho com o cavalo, o qual considera o melhor cavaleiro do mundo junto aos índios.   Vejamos algumas observações de Dreys (1817-1825) sobre os rio-grandenses:
 “Independente dessas armas comuns aos militares, o rio-grandense traz consigo duas armas auxiliares peculiares, que somente os homens desta parte da América sabem manejar com habilidade: queremos falar do laço e das boleadeiras”.
“Tem o rio-grandense contraído uma espécie de aliança com o cavalo, em virtude da qual é feito auxiliar indispensável da vida do homem, o cooperador assíduo de quase todos os seus movimentos. O rio-grandense folga em percorrer suas imensas planícies a cavalo. (...) A predileção que manifesta por seu cavalo não se contenta a admiti-lo como companheiro inseparável; ele se ocupa também em adorná-lo (...).”
  “(...) as guerrilhas do Rio Grande empregadas contra o estrangeiro nessas guerras, adquiriram uma reputação de firmeza e de coragem que o inimigo não desconheceu. A coragem do rio-grandense é fria e perseverante (...).”   Fazendo um parêntesis, é bom lembrar que estes gaúchos (considerando além do Rio Grande, os gaúchos do Uruguai e Argentina) são a bases utilizadas na guerra em seus respectivos países, os quais lhes devem seja a independência, seja a manutenção das fronteiras (sem os gaúchos, basicamente rio-grandenses, Rosas, na Argentina, não teria caído, por exemplo). No Brasil o caso é exemplar. Quem manteve as fronteiras  ou lutou nas guerras foram deste estado. Pena que isto não seja lembrado nos livros de história.   Sobre a honra diria ainda Dreys: “Sua palavra (dos rio-grandenses) é inviolável”.   Vários comentaram sobre a hospitalidade do rio-grandense/gaúcho, entre os quais Arsène Isabelle (1833): “A hospitalidade é ainda, entre a maioria, uma virtude que se pratica com generosidade”.
 No seu comportamento o gaúcho antigo e o acriollado trazem um respeito para quem os trata com respeito, tem uma base ética, mesmo que rudimentar; são impetuosos; são peleadores quando necessário; tem certa atração pela guerra desde que seja a cavalo (jamais a pé); atração pela montaria que se manifesta em enfeites muitos até de prata; tradição na indumentária e principalmente na forma de arrear os cavalos.
  A maneira de falar do gaúcho antigo chegou de forma impressionante até nossos dias. Mesmo nos maiores centros urbanos do estado, dezenas de palavras oriundas da lida campeira continuam sendo usadas com significado paralelo ao original (apesar de que a quase totalidade das pessoas que as utilizam desconheçam  esta origem).   Chegou até nossos dias também, a música, os payadores, a poesia gaúcha (culta sim, mas derivada do canto homens do campo do passado). Simões Lopes Neto no seu Cancioneiro Guasca, antologia da música popular gaúcha do passado nos mostra a atenção que os habitantes do interior tinham pelo gaúcho. Hoje ainda, muita pessoa do interior, ligadas diretamente ou mesmo indiretamente ao campo, compõe música e fazem poesia, ou trovas a maneira ou lembrando a vida do gaúcho. Centena de músicos de qualidade compõe letras e músicas campeiras (nem sempre com apoio da mídia local). Festas que lembram  as habilidades do gaúcho (doma e laço principalmente) são  atração sempre que acontecem, mesmo nas zonas mais metropolitanas. Pesquisadores como Paixões Côrtes e Barbosa Lessa conseguiram recuperar muito da dança gaúcha.   Chegaram-nos também uma espécie de reminiscência da campanha e um sentimento de épico. Veneramos a planície.
 A base do comportamento do gaúcho (seu ethos) de forma geral chegou até nós e nos influenciou isto é um fato.  Pelo menos até 20 ou 30 anos atrás. Entretanto, a massificação proporcionada pela televisão e globalização (além de um antigo preconceito local a influencia gaúcha) ameaça esta antiga homogeneidade de povo. O “ser gaúcho”, ou seja, a manutenção de características mínimas que nos identifiquem, tais como gosto pela música nativa, pela literatura regional ou manutenção do comportamental básico (combatividade era uma das características) passa a ser visto por intelectuais (rio-grandenses, pasmem!) como “negativa” e atrasada.
 Estes intelectuais (com marcada visão etnocêntrica) não consideram que expressam seu modo urbano (ou globalizado?) de ver.   Contraditoriamente, estes mesmos intelectuais, entretanto concordam que devem ser respeitadas as culturas regionais de outros locais.
   No mundo inteiro, incluindo sobre maneira Europa e Estados Unidos, festas regionais reforçam suas certezas sobre suas origens, como comportar-se frente à adversidade e planejar o futuro.
 Este é o sentido de conhecer-se o passado. Afinal “É tão grave esquecer-se no passado como esquecer o passado. Nos dois casos desaparece a possibilidade de história”.

 

 

 

 

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